Cada produto tem como meta atender a um público específico e em geral
a fábrica mira um pouco à margem da concorrência. E isso faz sentido
porque cada empresa quer apostar que seu modelo convence mais os
compradores do que a alternativa. Então, mesmo que vários fabricantes de
motos almejem o mesmo mercado certamente algumas características serão
diferenciadas, procurando ser de mais agrado a uns do que de outros.
Então, atendendo a pedidos, resolvemos fazer uma análise das
características das 250 esportivas: Kawasaki Ninja 250 R, Kasinski Comet
GT 250R e da Honda CBR 250 R e a conclusão será sua, de acordo com seu
gosto e preferência. Afinal, gosto não se discute.
Kawasaki Ninja 250 R - Dois cilindros, 33 CV a 11.000 rpm e 152 Kg
Na estética
O desenho da Kawasaki remete à cultura das Ninjas. O farol duplo
recortado lembra as motos maiores da marca, mas já um tanto
ultrapassado. A Honda, também tem nas suas linhas o DNA das esportivas,
mas bem atuais da marca. A frente estilo VFR 1200 se mistura com as
laterais tipicamente CBR e com as asas no tanque.
A Kasinski Comet GT 250 R remete às grandes Suzuki super esportivas. O
bico estreito da carenagem com seu farol duplo um sobre o outro mantém o
perfil estreito mas a impressão que ela passa é de uma moto bem maior
do que realmente é. Isso pode ser de agrado ao público.
Motor:
Verificando números a Kawasaki supera a Honda e Kasinski e se olharmos a
ficha técnica dos motores, em termos de performance pura essa moto é
campeã.
Kasinski Comet GT250R - dois cilindros em V, 26 cv a 10.000 rpm e 182 Kg
Mas performance do motor numa motocicleta não é tudo. Há que se
avaliar aspectos às vezes escondidos nos números. Por exemplo: 33 cv a
11.000 rpm soa muito melhor do que 26 cv a 8500, e isso é correto. Porém
ao avaliar-se a curva de potência das motos verifica-se que em termos
de usabilidade a Honda supera a Kawasaki. São 2,44 Kgf.m de torque em
7000 rpm na Honda contra 2,24 Kgf.m a 8200 rpm na Ninjinha. Na Kasinski
Comet GT250 R o torque é de 2,04 Kgf.m e a potência, como na Honda tem
seu máximo de 26 cv a 10000 rpm e assim a configuração das curvas das
duas, tanto de torque quanto de potência facilitam a pilotagem, mais do
que na Ninjinha.
Honda CBR 250 R um cilindro, 26 cv a 10.000 rpm e 154 Kg com ABS
Torque equivalente em números mas na Honda e Kasinski a curvatura facilita a pilotagem
Pura potência da Ninja 250 R a faz campeã nesse quesito, Honda e Kasinski se equivalem
O que isso significa? Por exemplo: Em situações de saídas de curvas, a
Ninja necessita mais atenção do piloto para adequar a marcha para ter
disponível potência suficiente. Ele precisa estar em alta rotação. Na
CBR 250 R a potência, embora menor fica em rotação mais baixa e com mais
torque e portanto mais “à mão” do motociclista. Ele não precisa estar
tão atento à rotação do motor. Em determinadas situações a aceleração da
Honda pode ser melhor do que a da Kawasaki. Isso proporciona facilidade
em conduzir e mais versatilidade. O motor está pronto para responder em
qualquer situação. Entretanto em pista aberta, sem necessidade de
adequação de velocidade para curvas ou outro obstáculo a Kawasaki
desenvolve mais velocidade e aceleração.
Outra diferença está na faixa útil de rotação. A Honda tem uma faixa
utilizavel entre 6.000 e 10.000 rpm, rotação em que o motor gera próximo
de 20 cv e o torque está bastante alinhado. No caso da Ninjinha o
torque estará mais alinhado somente acima de 8000 rpm, forçando
novamente o uso de rotação alta.
Em termos de concepção do motor a Kawasaki tem os dois cilindros em
linha, arrefecido a líquido e montado transversalmente no chassi. A
Kasinski tem o seu motor de dois cilindros numa configuração em V e
arrefecimento a ar. Na Honda CBR 250 R a configuração é de um único
cilindro arrefecido a líquido.
Câmbio:
Na honda e Kawasaki o câmbio é de seis marchas e essas duas tem um
escalonamento bem justo para aproveitar toda faixa útil do motor. Na
Honda se percebe maior elasticidade por causa da característica do
motor. Na verdade eles são muito parecidos e proporcionam trocas
rápidas e precisas. A embreagem da Ninja sofre um pouco mais por causa
da característica do motor, que para superá-la o piloto provoca mais
patinação para levantar o motor em situações de necessidade. Já a Honda,
por causa da diferença do motor não exige tanto da embreagem. Ela se
apresenta mais macia e precisa. A Comet tem cinco marchas e parece que a
sexta faz falta se compararmos às outras duas. O câmbio é bastante
longo e o escalonamento mais distribuido, por não ter a sexta marcha.
Isso deixa a moto às vezes sem opção de melhor rotação do motor para
mais aceleração. Dai, usa-se a embreagem, a mais dura das três, para
tentar colocar o motor com mais potência para uma aceleração melhor.
Ciclística:
Agora a situação se inverte. No motor, a Ninja 250 é mais esportiva mas
na ciclística ela é mais comportada. O aspecto em que a CBR 250 é mais
comportada é no motor, na
ciclística
ela se torna mais esportiva. Embora mais pesada na escala da balança, a
Honda parece mais leve por ter uma geometria mais rápida. Nela, a
distância entre eixos é de 1.369mm, rake de 25º e trail de 95mm. Na
Kawasaki a medida é 1.400mm entre eixos, com 27º de rake e 85mm de
trail. Note que os 10mm de diferença no trail mais longo da Honda gera
uma tendência a uma resposta mais lenta na direção, mas os outros
fatores todos prevalecem.
O chassi conta com uma geometria que se comporta de forma lenta nas manobras, entre outras causas, a longa distância entre eixos
Na Comet a ciclística se mostra a mais
lenta de todas. Com entre eixos mais longo, trail e rake no meio termo,
de 85mm e 25,5º respectivamente. O resultado é uma moto que passa a
sensação de maior peso, que de fato tem. Exige mais força para as
mudanças rápidas de direção. Alia o fato de que também é a mais pesada
das três. Se a suspensão não fosse tão dura seria a mais confortável
delas, mas com garupa esse efeito diminui.
O
chassi da Comet GT 250 R é o mais lento das três. Mais longa, rake e
trail entre as duas outras motos mas o peso que se sente na mão é maior
Então, o entre eixos mais curto e o ângulo menor de rake deixam a CBR
250 R com uma resposta mais rápida na direção, proporcionando maior
esportividade.
A CBR 250 R é a que tem a ciclística mais esportiva, com respostas mais rápidas e maior sensação de levesa
Freios:
Dessas 250 esportivas a única que conta com ABS opcional é a Honda. O
sistema consagrado responde com precisão surpreendente, indo até o
limite de tração de cada roda antes de ser acionado o sistema anti
bloqueio. Mesmo sem o sistema os freios dessa moto são excelentes. Com
ótima modularidade e potência de frenagem.
Da Kawasaki Ninja 250 R os freios margarida são excelentes também. Boa modularidade e força permitem frenagens precisas.
Na Kasinski a força dos freios é muito grande e falta um pouco de
modulardade. Às vezes é difícil colocar a pressão certa para uma
frenagem eficiente, sem travar as rodas ou ficar aquém da força
necessária para parar ou diminuir a velocidade da forma desejável.
Mercado:
A chegada da Honda CBR 250 causou grande expectativa no segmento, até
meados deste ano dominado pelas duas motos equipadas com motor de dois
cilindros – Ninjinha e Comet. A prometida venda de 800 unidades por mês
declarada pela Honda em abril não se concretizou, mas como era esperado,
a Honda CBR 250R passou a liderar o segmento em junho deste ano.
Seu preço aproximadamente R$2.000,00 a mais que suas concorrentes é
certamente um fator inibidor para um volume maior de venda. Contudo, o
número de concessionárias e a força da marca exercem sua influência a
favor da Honda e neutralizam o efeito negativo do preço mais alto.
Contudo, a maioria dos consumidores do segmento preferem a Honda e isso
demonstra que nem tudo é força, velocidade e esportividade. E neste
caso, a Honda sabe explorar bem o valor da sua marca.
A liderança que Honda veio exercer no segmento é positiva, pois deu
mais peso ao segmento, já que os números mostram que a Honda não tirou
consumidores da Kawasaki ou da Kasinski. Note que a média de venda em
2011 foi de 736 motos por mês e, neste ano, cuja queda foi forte, em
agosto as vendas já superaram 1000 unidades e setembro chegou a 1121
unidades. Isso mostra claramente que novos consumidores entraram no
segmento. Mérito da Honda CBR 250R.
Percebe-se também que a queda nas vendas das duas “veteranas” não foi
assim tão forte e que a tendência a partir de outubro é que o setor de
motocicletas possa se recuperar, o que deverá mostrar uma nova
realidade. Há ainda a Dafra Roadwin que não aparece neste levantamento,
pois não está nos números da Fenabrave entre as 10 esportivas mais
vendidas. Mas os dados da Abraciclo mostram que a Dafra faturou 410
unidades da Roadwin em 2012.